Ela é chata, do tipo que pergunta tudo. Quando eu chego animado com alguma ideia, ela é a primeira a questionar todos os buracos e dizer que se eu não repensá-la, não vai dar certo. Ainda complementa com um “eu gostei, mas…”. Os “mas” dela é que fodem tudo. Sempre tão pontuais e diretos que enxergam os detalhes que eu deixo escapar. E isso não acontece apenas com essas ideias, mas com as histórias que eu conto e com o desenrolar dos fatos do dia a dia. Acho que esse foi mais um dos motivos pra eu sempre contar a verdade pra ela. Quando escondia alguma coisa, nem que fosse uma coisa de nada, ela descobria. Sou louco por ela. O que pra mim poderia ser apenas um detalhe, pra ela era importantíssimo. Ah, ela tem umas outras manias como pegar no meu pé porque eu deixo o pacote de biscoito aberto no armário e a toalha em cima da cama. Diz que eu nunca cresci. Fica conversando com as paredes. Eu rio, mas tem vezes que eu me chateio. A vida não pode ser tão meticulosa assim, não. Tem que rir das falhas, dos deslizes e das histórias mal contadas – isso quando elas puderem ser mal contadas. O pior de tudo? Eu nunca consegui contar uma piada inteira. Eu perco o timing, ela não ri e nada funciona. Quando eu gosto de alguma eu escrevo e mando por whatsapp. Mais seguro e eficiente. Ela é chata, mas sabe. E ri disso. Diz que somos um equilíbrio. Eu, como também gosto de implicar, respondo: perfeita definição, amor!