setembro 26, 2013

Talvez o mundo lhe pareça um lugar cheio de estradas erradas. Nossa percepção da vida é influenciada por muitas variáveis, todas plausíveis. O reparo de nossa alma parece um trabalho eterno, sempre algo está fora do lugar. Mas não acredito que seja defeito de fabricação nascer assim “sem lugar”. Não falo de casa, cidade ou país. Falo de um lar para nossos sentimentos, desejos, sonhos, enfim, nosso ser. Ser é uma responsabilidade muito grande, mas não além da capacidade humana. Ser envolve escolhas, princípios e uma reconstrução constante de si perante a vida. Essa busca leva muitos ao desespero, mas esta busca leva. Fluir e fruir por este mundo é fundamental e as aflições de nossa alma é o que nos move. Algo que te mantém vivo, te mantém ansioso do futuro, não pode ser de todo mal. É que dói, eu sei, dói. Precisamos de um lugar que abrigue este nosso ser. Para alguns é a liberdade, para outros ainda que não pareça é a solidão, mas para todos em algum momento é a companhia. Zilhões de variáveis e eu venho repetir-me sobre a necessidade de se encontrar em outro. Mas não confunda com Amor, pois este é peça. A verdade é que em meio a essa lapidação do que se é, precisamos de descanso. Acredite, não há férias dentro do seu próprio corpo. Há muitas ruas sem saída, muitos sentimentos sem resposta, muita melancolia se misturando com os sonhos, muita mesmice no horizonte. Precisamos de outro que enxergue alguma vírgula diferente, algum alívio para todo universo que carregamos em nós. Precisamos renovar as forças de nossos ideais e rearranjar a harmonia da nossa paz. A construção desse lar é muito gratificante para se deixar pelos caminhos. Plenamente ser é incrível. Tudo que se precisa para continuar é um outro, é um corpo para descansar a alma. Talvez o mundo lhe pareça um lugar possível, todos os dias.
Danilo Martinho 

setembro 23, 2013

Só deseja um amor saudável, quem já viveu uma paixão dilacerante. Porque a paixão corroía tudo por dentro até tirar o fôlego, mas até a dor parecia bonita: aquele único instante de felicidade com o Outro compensava os trezentos outros de infelicidade. Só deseja ter um dia tranquilo, sossegado, quem tem a intensidade à flor da pele, quem acorda suspirando a vida, devorando o dia, se lambuzando de tudo sem conseguir tocar nas coisas com a ponta dos dedos. Só deseja constantemente a companhia das palavras quem escreve. Para estas, o silêncio nunca é mudo, é sempre uma possibilidade. Só consegue vislumbrar a paz quem se investiga, quem tem Consciência do que deseja e pode ou não obter, quem aprendeu a lidar com o imediatismo. A escrita ensina a esperar, a escutar a letra da música e depois a melodia, juntas e separadas. A escutar a história do Outro sem fazer intervenções antes da conclusão. A compreender que os espertinhos são aqueles que sempre vão terminar levando uma rasteira da própria ingenuidade, porque perderam a inocência. Só consegue acordar para a vida, quem viveu solitário e insone dentro de uma noite interminável e caminhou sonolento pelo resto do dia, quem perdeu o sol. Só consegue apreciar a nudez, quem não é vulgar. Quem percebe com naturalidade que um corpo é como uma árvore, que o seu ambiente é extensão do meio ambiente e que, juntos, ambos são um ambiente inteiro. Só julga acidamente os Outros o tempo todo quem é recalcado. Quem se aprisionou na ideia do que é ridículo e não consegue suportar um ser autêntico. Só consegue ser irônico, quem é inteligente. Só consegue ser doce, quem já foi ferido e curado pela espiritualidade. Só consegue o que quer os que têm desejos justos. E acreditam.
Marla de Queiroz

setembro 16, 2013


Porque é diante das situações mais corriqueiras que elas se revelam: de maneira sorrateira, inquestionável, absolutamente deslumbrante e surpreendente. Elas: as delicadezas da vida. Que, vez ou outra, nos pegando de surpresa, nos faz questionar: ”O que é isso, que me faz sorrir tanto?”
Aghata Paredes

setembro 15, 2013

Nada. Estou pensando em inúmeras coisas, mas minto que não estou pensando em nada específico, apesar da minha atenção estar de malas para Júpiter. Não posso dizer com o que estou ocupando minha cabeça porque as pessoas iriam apenas fingir um interesse cansado, rápido e bucólico. Soltar um confidencial “nada” é sempre melhor em casos obsessivos como o meu. Mas você quer a verdade? Óquei. Estou pensando que, de toda forma, o que estou fazendo aqui, senão me distraindo? Já ouvi dizerem que tudo isso, inclusive o que chamamos de amor, é só recreação e é verdade, amor é só entretenimento. O melhor entretenimento.
Gabito Nunes 
Fiz bem em dormir e deixar tudo como está, pois já fomos longe demais, de modo que antecipadamente me sinto horrorizado com o clima, a perspectiva e o cenário.
Gabito Nunes 

setembro 02, 2013

mystereothoughts



















Eu sinto em cada pedaço do meu dia a vontade de te ter por perto. Eu consigo ver em cada lugar que eu vou algo que eu gostaria de dividir contigo, de sorrir contigo, de lembrar da gente. Tomou conta. Tomou conta do meu coração, meus pensamentos, sentimentos, de mim. É assustador quando a gente encontra alguém capaz de nos fazer mudar os planos, de jogar tudo pro alto e ir pra onde aquela pessoa for capaz de nos levar. E é assim que eu me sinto. Como se qualquer escolha valesse a pena simplesmente porque inclui você. E vale. E eu já não sei pensar diferente, eu já não lembro de ter sido tão feliz como sou quando estou do teu lado. Te ter, ter a tua companhia, teu carinho, teus abraços, teu apoio, tuas palavras, é muito mais do que eu pensei que qualquer pessoa um dia pudesse ser, significar. E qual seria teu significado? Talvez sabendo fosse menos complicado de entender. Entender de que forma entrou na minha vida e mudou, tudo. E melhorou, tudo. E é, tudo.