janeiro 15, 2016

Ela não sabe o preço da culpa que carrega calada por erros que nunca foram dela. Ir embora talvez tenha sido uma das melhores coisas que ela fez no tempo em que estiveram juntas. Ela se martirizou por um tempo. Não conseguia aceitar. Sempre procurava por respostas para as perguntas que a vida acabou colocando na sua frente. Não comia direito. Não tinha vontade de ver ninguém. Aquela roupa que ela sempre amou, nunca mais quis vestir. Seu quarto escuro e as lágrimas, quando procurava nas redes sociais um motivo a mais para despedaçar seu coração, eram suas novas companhias.
Porque seu amor quis jogar tudo para o alto. Porque nunca soube direito o que queria da vida. Nunca soube viver sozinha, muito menos com uma pessoa que se entregava totalmente. Esse alguém que sempre manteve outras prioridades à frente dela. Que mentiu quando se encontrava com a ex, enquanto ela remava o barco pelas duas. O que faltava de amor e atenção por ela, sobrava nos amigos que ela conquistou no seu caminho. E foram neles que ela encontrou força para seguir em frente. A cada amanhecer ela se sentia mais segura. A cada anoitecer um agradecimento de joelhos à beira da cama por nunca ter desistido de si mesma. A cada lembrança dela, um sorriso no rosto.E só uma palavra resume tudo: Obrigada.
Obrigada por fazê-la enxergar o quão grande é esse mundo, e o quão pequenas são algumas pessoas. Obrigada por deixar que ela seja passageira e comandante do seu barco rumo à felicidade. Obrigada por dá-la a oportunidade de esbarrar no destino de um outro alguém que irá chamá-la de “minha”, enxergando o que ela tem de mais lindo e fazendo tudo aquilo o que você não soube ou não quis.
Obrigada por mostrar a ela que é sempre possível recomeçar, de um jeito novo e muito melhor.
Ela a procurou. Nos seus pensamentos e nas lembranças de dias melhores que ela sempre acreditou pelas duas. Nos carinhos e caras que ela fazia para mostrar que viver uma vida a dois exige intimidade e cumplicidade. Ela se deu conta que lá fora você encontra muitos amores, dentre eles os que duram apenas um dia ou uma simples festa em um fim‑de‑semana, mas nunca o amor que ela encontrou nela.
Ontem ela mandou uma mensagem dizendo que sentia falta dela. Ela sorriu, e apagou. Continuou indo para frente sem vontade nenhuma de olhar para trás. Me desculpe, ou não.
Mas tem coisas na vida que a gente só erra uma vez. E principalmente aquelas que a gente cansa de errar.

dezembro 31, 2015

Eu não sou uma má namorada.
Não precisa falar comigo 24 horas.
Pode jogar.
Pode sair com seus amigos.
Pode curtir a foto dos outros.
Pode falar com quem quiser.
Eu não sou uma má namorada.
Pode ir sozinho, amor. To cansada, vou ficar em casa hoje.
4 horas da manhã recebo mensagens falando que você tava me traindo. Não consegui mais dormir.
Você negou.
Disse que nao faria isso comigo.
Disse que se eu nao confiava em você nao tinha motivo pra estarmos juntos.
Eu não sou uma má namorada.
Acreditei em você.
A outra e suas amigas me chamaram de corna.
Ainda assim acreditei em você.
Vi conversas com a ex.
Para de falar com ela.
Vi você trocando fotos e de papo com uma amiga.
Para de falar com ela, você tem namorada.
Vi você de papo com mais outra.
E você me apresentou a insegurança.
Eu não sou uma má namorada.
Descobri a verdade.
Você me traiu.
Você baixou a cabeça e disse que não sabia o que dizer.
Eu disse: “deixa pra lá, faz tempo. “
Eu não sou uma má namorada.
Vou no shopping com a minha mãe.
Vou na minha avó.
O cara da internet ta aqui em casa.
Vou comer.
Vou tomar banho.
Vou dormir.
(?)
E pra que mentir?
Me senti mal.
Deixa o jogo um pouco pra lá.
Eu não sou uma má namorada.
Vou dormir, tenho que ir pra aula amanhã cedo.
Mas eu to de férias, amor, fica mais um pouco.
Eu tenho que ir, amor. Desculpa.
Mas ia jogar.
Tudo bem.
Eu desisto.
Fica com esse jogo.
Soube mais sobre aquela traição.
Me revira o estômago só de lembrar você dando parabéns pra gente pelo mês de namoro, mas ao eu ir dormir, fez o que fez.
Deixei de confiar em você.Sempre que ia na sua casa, voce ia no banheiro com o celular antes de qualquer coisa. Lembra daquela vez que você pediu pra eu ligar o computador e escondeu o celular? Eu disse que vi e você disse que eu tava louca, exagerada. E que ja tinha falado pra eu parar com essas loucuras. Comecei a chorar.
Por achar que eu deveria esquecer o passado e voltar a acreditar em você. Você foi no banheiro.
Peguei meu celular, mandei: como você é babaca.E você volta, e diz que não queria que eu visse uma conversa sua com a minha melhor amiga, que era sobre mim. E eu chorei mais ainda, por odiar você fazer essa chantagem emocional. Fazer eu me sentir mal comigo mesma por nao acreditar em você quando você mente. Por achar que eu estava maluca.
Eu não sou uma má namorada, você que me tornou.
Para de falar com ela.
Da unfollow.
Exclui.
Me da todas tuas senhas.
Não vai sair com amigo não.
Nao vai dormir na casa dele nao.
Fica em casa.
Você terminou comigo pra passar o dia jogando.
Mas logo em seguida mudou de ideia.
Você terminou comigo porque não sabia o que queria.
Você terminou comigo porque queria ter seus amigos de volta.
Quando eu te proibi?
Você terminou comigo porque nao queria mais que fossemos só nós dois no mundo.
E quem disse que eu queria?
Você terminou comigo toda semana.
E eu voltei sempre que pediu.
Você que me apresentou a insegurança.
Acabou com a confiança.
Apresentou a falta dela.
Você que acabou com o namoro bom, livre, e saudável que eu te dei. Você que trouxe o sufoco, as brigas, o desgaste dele.
E o pior.
Colocou tudo em cima de mim, como se eu tivesse danificado a gente, enquanto você que tinha feito isso. Eu nunca deixei a gente apesar dos teus erros, por não ter colocado todos esses motivos acima como os primórdios. Eu preferi nos filtrar.
Deixar os momentos bons pesarem mais, por mais raros que fossem.
Por mais que depois que eu virasse as costas você esquecesse que eu existia. Decidi seguir a frase que o humano erra.
Decidi te dar todas as chances do mundo de mudar.
Decidi te ensinar com amor.
Preferi acreditar que você ia amadurecer com os erros.
Preferi milhares de coisas.
Até que preferi morrer.
E renascer.
E renascendo, sou outra.
E sendo outra.
Não existe mais nada disso.

dezembro 02, 2015

Eu me sinto tão fraca. Sendo atingida por tanta dor. Pressiona o peito, sufoca, desespera. Eu nunca me senti no buraco que eu me sinto agora, e eu só não sei como sair. Eu não sei.

novembro 18, 2015

Tenho pensado tanto sobre as coisas, sobre os caminhos que a gente toma, sobre os caminhos que somos obrigados a tomar e as mudanças que isso traz para a nossa vida. Algumas vezes, nós simplesmente não temos escolha, porque certas coisas não dependem só de nós mesmos, e ninguém pode pedir que alguém fique, quando não quer ficar. Penso muito sobre a dificuldade de se colocar como prioridade na nossa própria vida, no quanto demora pra conseguir se desprender de coisas que nós no fundo, não queremos. Penso também sobre a dor, a dor de colocar um ponto final em parte de um caminho que eu queria continuar seguindo, que eu tenho tantos planos guardados, sonhos pensados. Penso na coragem que me falta para dar um passo que eu preciso dar, no desprendimento de buscar as coisas sozinha, porque precisamos. Sinto a fraqueza nas pernas e no coração, sinto a exaustão na cabeça e na alma. Querer não é o suficiente, é preciso valer a pena, e acima de tudo, pra se ter alguém do lado, é preciso olhar para a mesma direção. Quando as vontades já não se encontram, quando os sorrisos se perdem, quando a tolerância já não existe mais, é hora de mudar. Me martirizo muito tentando entender porque não buscar juntas essa mudança, quando tenho na cabeça as palavras exatas que me esclareceram que estou sozinha nessa. Eu sinto saudades do amor, e me flagro lembrando de coisas que me prendem na esperança de ter isso de volta. Sinto falta até da palavra "amor", de ouvir a outra pessoa dizendo que te ama e sentir a segurança, ver no olhar, a verdade das palavras e do sentimento. Eu tenho impulsos que não consigo frear, dores e angústias que não consigo sanar. Não vejo ainda o fim dessa estrada chamada superação, porque não consegui chegar ao menos próxima do início. O brilho no olhar, a paz de espírito, tudo se foi. Somos escravos das dores da alma, e nessas não cabem máscaras, não cabe a tentativa de provar algo para alguém, só sobra nós mesmos e nossas decepções. Nesse buraco em que nos encontramos, a felicidade parece tão distante, e as tentativas, parecem em vão. Eu não sei por onde começar, mas sei que é preciso. Sei que o caminho é longo, mas que trilhá-lo sozinha é minha única opção. Ninguém merece viver ligada a alguém que te afasta e quer se desprender de uma vez, que quer que sobrem os momentos de descontração e boa convivência mesmo sabendo que por dentro, está em frangalhos. Eu estou, mas passa. Quando e como, não sei, ninguém sabe. E a espera, afinal, sempre vai parecer interminável, mas não é. Essa é a única esperança que eu preciso manter.

outubro 15, 2015

Sobre escrever enquanto assisto as vantagens de ser invisível <3

Não sei muito bem sobre o que falar, na verdade não pensei sobre o que queria escrever quando abri essa página, só sabia que precisava. Sinto no meu peito uma coisa estranha, não parece uma explicação muito esclarecedora, mas soa exatamente de acordo. É complicado quando sentimos que o vazio que nos cerca está na verdade dentro de nós, que ter pessoas ao nosso redor não conforta, não supre, uma falta que nós não sabemos como cessar. É difícil ouvir as risadas, as histórias, os problemas dos outros, quando os nossos parecem estar sempre ali, presentes, e nós não temos a capacidade de resolve-los. Tenho certeza que é mais fácil estar presente nos problemas dos outros, mergulhar de cabeça e tentar entender a dor de outra pessoa, do que lidar com as nossas próprias. O problema é quando nos afastamos das outras pessoas, porque não conseguimos tirar os problemas da cabeça, e falar sobre eles parece repetitivo e exaustante. O vazio, o vazio que nós criamos para nós mesmos, é o que mais dói. Quando preferimos estar distantes de pessoas queridas, simplesmente por perceber que não é preciso estar presentes, que as coisas correm bem e muitas vezes melhores sem a nossa presença. Quando não nos sentimos confortáveis em algum lugar, pensamos em ficar sozinhos, e quando estamos sem ninguém por perto, bate uma necessidade de alguém pra compartilhar. E aí, quando alguém aparece, o que mais queremos é que se afaste, porque notamos imediatamente que a solidão parece um bom modo de disfarçar o silêncio, de ocultar as necessidades de contato e carinho recíproco, de amor, de cuidado, de atenção e principalmente, de sentir falta. Sabe quando alguém te pergunta o que você quer fazer? Quando pensa em fazer algo pra te surpreender? Planeja um dia ou uma noite pra te dar atenção? Não aquela atenção corriqueira do dia a dia, mas que faz sentir especial, que faz a gente se arrumar e querer estar diferente, ajeitadinha, criar expectativa, pra algo que saia da rotina e comemore, sei lá, a vida. O estar junto. O querer estar junto. O agradecer pela presença. As vezes eu me pergunto se a gente ainda lembra de agradecer por alguém que tornou o nosso dia um dia melhor, que alegrou a nossa tarde, que preencheu nosso tédio, que se preocupou com a nossa vida e em nos lembrar dos nossos compromissos. Se agradecemos por alguém que toma conta da nossa vida, do nosso humor, que se importa e que sempre está ali pra estender a mão. Se não deixamos essas poucas pessoas de lado, por bobagens, por compromissos nem tão importantes assim, por egoísmo. Eu sinto um vazio que não se preenche, no momento. Eu sinto uma solidão que dói e conforta. A cada fisgada no peito e lágrimas nos olhos, lembro do amor próprio que eu tenho esquecido de sentir por mim. Não do amor egoísta, mas do amor suficiente pra se por em primeiro lugar. Pra não colocar como prioridade e necessidade na nossa vida a presença constante e a consideração dos outros. Porque a decepção é uma consequência forte, e muitas vezes devastadora. Quando eu lembro de tudo isso, eu digo em voz alta que preciso superar, que preciso ficar bem, que a dor me torna menos tola e mais tolerante comigo mesma. A necessidade de se sentir amada e valorizada não vem enquanto não amarmos a nós mesmos e não nos valorizarmos como devemos. Nós aceitamos o amor que julgamos merecer, e é por isso que devemos ter o discernimento de compreender quando não devemos aceitar mais. Quando devemos agradecer por todas as coisas boas, mas entender que as coisas ruins fazem parte e que o limite chega para todos. Devemos aceitar nosso limite, devemos respeitar o quanto nosso peito e nossa cabeça aguentam, quantas mentiras e decepções eles conseguem lidar e superar. E quando nada disso for superado, quando a angustia continua batendo na porta, quem sabe seja a hora de fechá-la de vez. Aprender a desistir nem sempre é sinônimo de fraqueza, muitas vezes é sinônimo de coragem. E é preciso muita coragem.

maio 25, 2015

Mais de um ano depois eu retorno para meu diário aberto, com o rosto inchado e o gosto amargo do cigarro misturado com as lágrimas que caem sem parar. Me pareceu necessária a lembrança desse espaço em que eu costumava guardar as coisas boas, as ruins, e as que eu simplesmente escrevia para mim mesma, quase que diariamente. Me sinto estúpida por ter apagado grande parte das coisas ruins que eu guardava aqui, em momentos em que eu achava que elas não faziam mais sentido - mas fazem. Talvez se eu tivesse lembrado melhor de como eu me sentia, da angustia sufocante, que não deixa falar direito, não deixa pensar e custa, custa tanto a passar. Eu não sei se eu ainda sei abrir meu coração pelas palavras, só sei que preciso tentar tratar dessa dor que não passa, só se esconde pra voltar em proporção ainda maior. Depois de dois anos e alguns meses eu me pergunto quem por aí sabe como é amar alguém a ponto de não se dar escolha, não se dar valor, não conseguir pesar a balança ao teu favor. Se alguém sabe o quanto machuca ver o outro tão indiferente a ponto de dizer que não importa mais. Se sabe da humilhação que se sente ao pedir para outra pessoa te querer da mesma forma que tu a quer. Eu me sinto sem forças pra brigar sozinha por um amor que eu já acho que não existe mais, e eu já me senti assim tantas vezes que eu tenho medo de não conseguir sair dessa situação, dessa prisão que é querer que alguém te ame e te valorize a ponto de ter medo de te perder. Medo de verdade, medo de dizer as palavras erradas, de dizer que tanto faz porque não é assim, não é. Faz toda a diferença do mundo, as palavras, o cuidado, a luta. A luta diária para que as pessoas não se esqueçam do que significam pra nós, para que quem a gente ama não se sinta desvalorizado ou insuficiente. A luta que vai além do amor, porque é amizade. É consideração, é tato, é carinho, paciência, companhia, força. Eu penso em todas as coisas que eu já relevei, em todas as vezes que eu me senti assim e tudo que o outro fez foi dar as costas e apontar os meus egoísmos, os meus. Eu sou egoísta pra muitas coisas, sou chata, sou impaciente, tudo, mas não sou egoísta com a confiança que depositam em mim, com o amor que me dão, com a consideração dos outros - porque isso não tem preço. Eu amo tanto que me dói na alma, como se eu literalmente pudesse sentir quando o ar não aparece, quando a respiração falha e a voz engasga. Mas eu não posso mais tentar sozinha, eu não mereço outra pessoa, eu mereço amor. Seja da minha família, dos meus amigos, contanto que seja amor que não magoe. Preciso me lembrar do trecho do meu livro preferido que diz: "nós aceitamos o amor que achamos que merecemos". E foi lindo, tantas vezes foi lindo. E são essas coisas que fazem doer, porque nós desejamos todas as coisas ruins se com elas vierem as coisas boas. Mas eu não consigo mais, não sozinha. Difícil perder alguém que se quer do lado pra vida toda. Foi amor.

abril 23, 2014

Ela é chata, do tipo que pergunta tudo. Quando eu chego animado com alguma ideia, ela é a primeira a questionar todos os buracos e dizer que se eu não repensá-la, não vai dar certo. Ainda complementa com um “eu gostei, mas…”. Os “mas” dela é que fodem tudo. Sempre tão pontuais e diretos que enxergam os detalhes que eu deixo escapar. E isso não acontece apenas com essas ideias, mas com as histórias que eu conto e com o desenrolar dos fatos do dia a dia. Acho que esse foi mais um dos motivos pra eu sempre contar a verdade pra ela. Quando escondia alguma coisa, nem que fosse uma coisa de nada, ela descobria. Sou louco por ela. O que pra mim poderia ser apenas um detalhe, pra ela era importantíssimo. Ah, ela tem umas outras manias como pegar no meu pé porque eu deixo o pacote de biscoito aberto no armário e a toalha em cima da cama. Diz que eu nunca cresci. Fica conversando com as paredes. Eu rio, mas tem vezes que eu me chateio. A vida não pode ser tão meticulosa assim, não. Tem que rir das falhas, dos deslizes e das histórias mal contadas – isso quando elas puderem ser mal contadas. O pior de tudo? Eu nunca consegui contar uma piada inteira. Eu perco o timing, ela não ri e nada funciona. Quando eu gosto de alguma eu escrevo e mando por whatsapp. Mais seguro e eficiente. Ela é chata, mas sabe. E ri disso. Diz que somos um equilíbrio. Eu, como também gosto de implicar, respondo: perfeita definição, amor!
Eu voltei. E não foi só por amor. Tudo parecia diferente. Quer dizer, parecia que em diversos aspectos tínhamos voltado à estaca zero e estávamos nos conhecendo de novo. O que era uma grande bobagem, se você pensar direito. E o que é uma verdade maior ainda, se você pensar melhor. Voltar era como se estivéssemos entrando numa casa em que já tínhamos morado, mas com a certeza de que algumas coisas não estariam no mesmo lugar. É claro que, sem uma reforma, os cômodos ainda seriam os mesmos. Talvez a decoração é que já poderia ter mudado. Enfim, a sensação era de conhecer aquilo tudo e ao mesmo tempo esperar para ser surpreendido. E estar ali já era uma surpresa. Foi preciso aceitar muita coisa. Primeiro, eu carregava uma certeza de que a vida tinha seguido de algum modo do lado de lá. E, claro, você não quer ser cobrado pelo o que fez nem ficar dando detalhes da vida que levava longe. Sabia que passamos até pela fase da conquista novamente? A volta, por mais rápida que seja, é feita com a recuperação da confiança, com o restabelecimento das certezas de que o outro é, sim, quem você quer. Aquela coisa de cortejar, mandar flores (sem ser por desculpas), paparicar, sentir frio na barriga por causa do beijo. Tudo reapareceu. Demos sorte, admito. Tivemos, principalmente, que ser francos em relação ao que queríamos. Não poderia mais haver enrolação. Quando disse que não voltei só por amor foi porque apenas esse sentimento não bastava. Existe mais no meio como carinho, respeito, dedicação. E, também, foi preciso entender que nem tudo se ajeita de uma hora pra outra. Eu queria ser o porto seguro. Queria fazer bem, fazer sorrir. Queria, principalmente, me libertar do que tínhamos sido. Não adiantaria remoer os erros passados. Vida nova, esse era o lema. E eu vi verdade do lado de lá. Voltei, mesmo com amigos, parentes e outras pessoas dizendo que era “perda de tempo”. Voltei, mesmo com tanta gente interessante que eu conheci e poderia ter me feito seguir um outro caminho. Voltei, mesmo sabendo do esforço que seria recomeçar. Voltei, e não foi só por amor.

março 19, 2014

Olha, eu sei que você andou cruzando esquinas a fim de uma pessoa que não era eu, só que não ligo. Essa coisa de orgulho e dignidade nunca foram comigo mesmo. E ainda que eles tenham levado pra longe tudo que você parecia ter de bom, eu não me importo de ficar com o amargo-azedo que restou. É mais do que tudo que já me pertenceu em quatro encarnações.
Gabito Nunes

março 17, 2014

Existem coisas muito mais gostosas de se ouvir do que um insosso “eu te amo” dito de forma automática. E ela me prova isso com certas falas, mesmo sendo mais fã de gestos do que de palavras. Vira e mexe me manda uma música e diz “ouve aí”. Sabe o que é você pegar uma letra inteira e imaginar todas as situações vividas e as que você quer viver ao lado de alguém? Ouço uma, duas, três vezes até começar a assobiar a música sem pensar. Até pedir licença ao cantor, ao compositor e aos músicos da canção e dizer: essa agora é nossa. Ela não gasta meus apelidos. Aliás, até brigo um pouco com ela e faço cena querendo que ela diminua meu nome e invente um jeito só dela de me chamar. Engraçado que, nessa coisa de todo mundo adaptar ou procurar uma forma de se dirigir a mim, é ouvindo meu nome inteiro sair da sua boca que eu sinto o carinho por parte dela. Ah, e quando ela – enfim – solta um apelido, chego a ficar mudo. Com os olhos sorrindo e o coração babando. Por vezes ela fica monossilábica. Eu desando a falar, faço monólogos e ela só responde com um “verdade”, “hm”, “ok”. E não é por estar chateada (e também não é que não passe um filme na minha cabeça pensando se fiz algo errado), mas é porque a rotina dela é exaustiva. É ônibus, metrô, trabalho, compras, academia… Se vira pra caber dentro de vinte e quatro horas o que eu não conseguiria em quarenta e oito. O que sei é que ela se apoia em poucas palavras para resumir vontades enormes. É um “vem”, um “cadê?”, um “me abraça”. Cada qual no seu contexto. Cada qual de um jeito gostoso que as palavras tem de sair daquela boca que não diz um “eu te amo” à tôa. Ela é daquelas que não fala do que sente. Vive.

março 14, 2014


Amigo, te peço: não espere que ela esteja por um fio. Entende o que é por um fio? Eu me pergunto por que as pessoas precisam estar a um passo de perder alguém para realmente se darem conta do valor dela. E eu nunca acho resposta. Talvez seja o próprio medo da perda que amplifique o tamanho de algumas. Talvez seja a vida tentando mostrar que não será a mesma sem aqueles sorrisos, aquela presença, aquela diferença. Talvez seja a falta de saber ficar sozinho que desespera quem está prestes a ficar assim. Esqueça as outras meninas que nunca fizeram sentido e não importaram. Esqueça as noites mal dormidas com pessoas vazias e de papel que se desmanchavam ao chegar do dia. Eu estou falando da que realmente importa, da que faz diferença. Daquela que, quando tudo parece que vai desabar, é para os braços dela que você corre. É quem você pergunta como foi o dia, pra quem você quer contar como foi o seu. É ela. E você sabe. Seja cauteloso e pense bem. Não faça nada impensado. Aliás, faça. Saia de casa agora e vá atrás dela. É! Vai! Eu posso passar a tarde inteira enumerando motivos, razões, conselhos e outras bobagens que podem entrar por um ouvido seu e sair pelo outro. Mas que, de verdade, espero que saiam da minha boca para tocar diretamente no seu coração. A gente perde muito tempo com quem não gosta tanto assim, tanto num sentimento de você para com a pessoa quanto de volta. Resumindo, vive uma falta de recíproca absurda. Falo contigo agora, amigo, porque vejo que ela se colocou em suas mãos. Vejo que ela selou o destino e não quer ninguém além de você. Ela é sua. Tão difícil pensar que alguém está entregue assim, não é? Talvez, quando a gente se dá também assim, consegue se mensurar que dá pé o amor – ainda que todo amor não tenha fundo e seja preciso mergulhar. Quantos segundos você aguenta sem respirar? Quantas vezes você consegue abrir o olho embaixo d’água? Quão longe você acha que pode ir nadando? E quanto você é capaz de ficar sem ela? É apenas um pedido: não a deixe se distanciar e ficar à perigo. Não a perca. Não dê esse mole, essa chance pro azar. Já disse que ela é sua, mas não brinque de deixá-la solta. Sempre pode aparecer alguém para pegar o que a gente deixa de lado. Agarre-a. Mais forte que o abraço apaixonado que já presenciei entre vocês. Beije-a. Mais vezes do que todas as vezes que beijou na vida. Declare-se. Só que não apenas com palavras. Ame-a. Mais do que ela acha que é possível o amor amar.
Gustavo Lacombe

março 11, 2014

Amor, tudo bem? Hoje eu escrevo só pra te contar, ou agradecer, ou lembrar, ou tentar explicar. É realmente uma tentativa de entender tudo que aconteceu dentro de mim nesses últimos dias, nesses últimos meses, nesse último ano e te deixar saber de onde vem toda força e grandeza do que eu sinto por ti. É enorme, sabia? Minha vontade de te ter ligada ao meu corpo pelas nossas mãos. De ter teu sorriso enfeitando cada momento banal do meu dia, que deixa de ser banal pelo simples fato de te ter presente. É enorme o salto que meu coração inevitavelmente da quando sei que teus olhos estão em mim, esquecidos ou atentos, se te olho, tu sorri. Já te contei que ainda me deixa nervosa? Tua presença me acalma e em segundos me acelera. Talvez o que eu sinto seja um pouco - ou muito - como nós mesmas, variante. Não falo em quantidade de sentimento, do tamanho eu não tenho dúvidas, ou melhor, não sou capaz mensurar. Falo é da variedade de sensações que me proporcionam tuas palavras, tuas atitudes, teus olhares, gestos, teu carinho. É tão bom, entende? Me reviro buscando formas de expressar, em vão - não chego aos pés. É isso amor, mas na verdade não é nada disso. Não é nem metade, ta bom? Um por cento talvez. Somos muito, juntas, somos imensuráveis. Infinitas. Nossa história existe de forma não decifrável, ela apenas é. É tudo que eu preciso e quero. É tudo que eu sempre quis. 












dezembro 23, 2013

É louco como eu ainda fico nervoso quando se aproxima a hora de a gente se encostar. Isso não acontece com boa parte das garotas que fiquei junto, não que eu me lembre. Sem pretensões, mas beijar na boca de uma garota não é uma das coisas que me levam a ter um surto. Mas com Juliete é sempre. (...) Só que ela afasta o queixo, deixa o meu meio que no ar e se recompõe. E depois, bem perto dos meus olhos, me desafia: – Sabe como eu sei que gosto mesmo de você? – Baby Julie me pergunta. – Hum? – Não tenho a resposta certa. – Porque machuca. Mesmo quando tudo está bem. Abraço Juliete demoradamente. Quem sabe até para sempre.
Gabito Nunes

dezembro 16, 2013

Hoje me deparei com uma realidade estranha ao me dar conta de que nos últimos meses não tenho escrito, ou melhor, não escrevi absolutamente nada. Nada sobre como as coisas tem sido, como as pessoas tem me surpreendido, como tenho me sentido em relação as inúmeras coisas - boas e ruins - que me aconteceram e continuam acontecendo todos os dias. Talvez eu tenha perdido a vontade. Talvez as coisas que eu já escrevi me venham à cabeça toda vez que eu penso em trazer algo novo, e lembrar de um tempo no qual eu era mais feliz, decepciona. Ah, decepção. Provavelmente a palavra que eu mais gostaria de excluir da minha vida, junto com a mentira e outras "farinhas do mesmo saco". Tem coisas que de lembrar, de imaginar, me dão vergonha porque a gente se engana tantas vezes quando aposta em alguém que o tombo se torna maior do que muitas vezes podemos aguentar. E a gente aguenta. Porque afinal todo mundo sobrevive sem um outro alguém. Sentir saudade não é sentir necessidade. E eu já não quero mais necessitar de ninguém além de mim mesma. Eu quero ter do meu lado quem quiser ficar, quem quiser trazer o bem, quem for capaz de somar e não de me diminuir. Então se for pra ficar, fica, mas porque quer, porque tem as melhores intenções desse mundo e porque de verdade não quer estar com mais ninguém. Ou a gente se tem por completo, ou é melhor não se ter nada. 

outubro 16, 2013


Um sorriso enfeitando as lagrimas. Sim, morena, estamos bem. O conforto do nosso abraço quando nossos braços buscam essa imensidão, já sentiu? A segurança das nossas mãos entrelaçadas, naquela certeza de poder te levar aonde eu for. Vamos, né? Uma desculpa pra dizer que eu não poderia ter escolhido melhor pessoa pra estar ao meu lado e chamar de "minha" pra quem quiser ouvir, sabe? Um gesto simples pra demonstrar o efeito do teu brilho em minha vida toda manhã. Então. Um brinde. Um brinde aos tantos sentimentos em colisão dentro de nós. Um brinde aos desencontros que me fizeram te encontrar. Um brinde aos momentos mergulhados em intensidade. Um brinde ao acaso. Um brinde as mudanças. Um brinde aos pequenos desentendimentos, que não passam de "coisa de casal." Deixa eu te contar meu segredo? Me sinto infinita nesse amor. Vai dizer que já sabia? Eu sei. Obrigada por estar aqui. Obrigada por ser a melhor coisa que já me aconteceu.

outubro 08, 2013

Como eu faço pra te fazer vir? Eu já preciso de você por aqui, onde eu consiga me perder aos olhos teus. Eu já te falei sobre eles? Ah, meu amor, que bela maldita sensação! Olhar para eles é como contemplar o inatingível. Viciante é o desejo do teu desprezo em mim. É, eu dependo da paixão de alguém que me independe. Que mar de mistérios é esse onde banha teu coração que se intitula como indomável? Então... quer dizer que é esse o teu segredo? Eu apenas sou mais um dos aventureiros que se perderam entre as suas incógnitas? Tudo bem, eu não te tenho. Pelo menos você me tem. Vou me conformar com esse meio amor só meu, antes que eu enlouqueça perante ao teu corcel.

setembro 26, 2013

Talvez o mundo lhe pareça um lugar cheio de estradas erradas. Nossa percepção da vida é influenciada por muitas variáveis, todas plausíveis. O reparo de nossa alma parece um trabalho eterno, sempre algo está fora do lugar. Mas não acredito que seja defeito de fabricação nascer assim “sem lugar”. Não falo de casa, cidade ou país. Falo de um lar para nossos sentimentos, desejos, sonhos, enfim, nosso ser. Ser é uma responsabilidade muito grande, mas não além da capacidade humana. Ser envolve escolhas, princípios e uma reconstrução constante de si perante a vida. Essa busca leva muitos ao desespero, mas esta busca leva. Fluir e fruir por este mundo é fundamental e as aflições de nossa alma é o que nos move. Algo que te mantém vivo, te mantém ansioso do futuro, não pode ser de todo mal. É que dói, eu sei, dói. Precisamos de um lugar que abrigue este nosso ser. Para alguns é a liberdade, para outros ainda que não pareça é a solidão, mas para todos em algum momento é a companhia. Zilhões de variáveis e eu venho repetir-me sobre a necessidade de se encontrar em outro. Mas não confunda com Amor, pois este é peça. A verdade é que em meio a essa lapidação do que se é, precisamos de descanso. Acredite, não há férias dentro do seu próprio corpo. Há muitas ruas sem saída, muitos sentimentos sem resposta, muita melancolia se misturando com os sonhos, muita mesmice no horizonte. Precisamos de outro que enxergue alguma vírgula diferente, algum alívio para todo universo que carregamos em nós. Precisamos renovar as forças de nossos ideais e rearranjar a harmonia da nossa paz. A construção desse lar é muito gratificante para se deixar pelos caminhos. Plenamente ser é incrível. Tudo que se precisa para continuar é um outro, é um corpo para descansar a alma. Talvez o mundo lhe pareça um lugar possível, todos os dias.
Danilo Martinho 

setembro 23, 2013

Só deseja um amor saudável, quem já viveu uma paixão dilacerante. Porque a paixão corroía tudo por dentro até tirar o fôlego, mas até a dor parecia bonita: aquele único instante de felicidade com o Outro compensava os trezentos outros de infelicidade. Só deseja ter um dia tranquilo, sossegado, quem tem a intensidade à flor da pele, quem acorda suspirando a vida, devorando o dia, se lambuzando de tudo sem conseguir tocar nas coisas com a ponta dos dedos. Só deseja constantemente a companhia das palavras quem escreve. Para estas, o silêncio nunca é mudo, é sempre uma possibilidade. Só consegue vislumbrar a paz quem se investiga, quem tem Consciência do que deseja e pode ou não obter, quem aprendeu a lidar com o imediatismo. A escrita ensina a esperar, a escutar a letra da música e depois a melodia, juntas e separadas. A escutar a história do Outro sem fazer intervenções antes da conclusão. A compreender que os espertinhos são aqueles que sempre vão terminar levando uma rasteira da própria ingenuidade, porque perderam a inocência. Só consegue acordar para a vida, quem viveu solitário e insone dentro de uma noite interminável e caminhou sonolento pelo resto do dia, quem perdeu o sol. Só consegue apreciar a nudez, quem não é vulgar. Quem percebe com naturalidade que um corpo é como uma árvore, que o seu ambiente é extensão do meio ambiente e que, juntos, ambos são um ambiente inteiro. Só julga acidamente os Outros o tempo todo quem é recalcado. Quem se aprisionou na ideia do que é ridículo e não consegue suportar um ser autêntico. Só consegue ser irônico, quem é inteligente. Só consegue ser doce, quem já foi ferido e curado pela espiritualidade. Só consegue o que quer os que têm desejos justos. E acreditam.
Marla de Queiroz

setembro 16, 2013


Porque é diante das situações mais corriqueiras que elas se revelam: de maneira sorrateira, inquestionável, absolutamente deslumbrante e surpreendente. Elas: as delicadezas da vida. Que, vez ou outra, nos pegando de surpresa, nos faz questionar: ”O que é isso, que me faz sorrir tanto?”
Aghata Paredes

setembro 15, 2013

Nada. Estou pensando em inúmeras coisas, mas minto que não estou pensando em nada específico, apesar da minha atenção estar de malas para Júpiter. Não posso dizer com o que estou ocupando minha cabeça porque as pessoas iriam apenas fingir um interesse cansado, rápido e bucólico. Soltar um confidencial “nada” é sempre melhor em casos obsessivos como o meu. Mas você quer a verdade? Óquei. Estou pensando que, de toda forma, o que estou fazendo aqui, senão me distraindo? Já ouvi dizerem que tudo isso, inclusive o que chamamos de amor, é só recreação e é verdade, amor é só entretenimento. O melhor entretenimento.
Gabito Nunes 
Fiz bem em dormir e deixar tudo como está, pois já fomos longe demais, de modo que antecipadamente me sinto horrorizado com o clima, a perspectiva e o cenário.
Gabito Nunes 

setembro 02, 2013

mystereothoughts



















Eu sinto em cada pedaço do meu dia a vontade de te ter por perto. Eu consigo ver em cada lugar que eu vou algo que eu gostaria de dividir contigo, de sorrir contigo, de lembrar da gente. Tomou conta. Tomou conta do meu coração, meus pensamentos, sentimentos, de mim. É assustador quando a gente encontra alguém capaz de nos fazer mudar os planos, de jogar tudo pro alto e ir pra onde aquela pessoa for capaz de nos levar. E é assim que eu me sinto. Como se qualquer escolha valesse a pena simplesmente porque inclui você. E vale. E eu já não sei pensar diferente, eu já não lembro de ter sido tão feliz como sou quando estou do teu lado. Te ter, ter a tua companhia, teu carinho, teus abraços, teu apoio, tuas palavras, é muito mais do que eu pensei que qualquer pessoa um dia pudesse ser, significar. E qual seria teu significado? Talvez sabendo fosse menos complicado de entender. Entender de que forma entrou na minha vida e mudou, tudo. E melhorou, tudo. E é, tudo.

agosto 29, 2013

É tão mais divertido quando estamos com a pessoa certa, porque você pode levar e deixar-se levar, e aí você se sente bem e acaba mostrando um pouco de quem você é de verdade.
Gabito Nunes

agosto 19, 2013

Eu a trato mal porque não sei o que fazer com tudo isso que eu quero saber sobre ela. Porque quando ela vai embora, desaparece, e eu não fico sabendo por onde anda, minha vida é só um quarto vazio com a lâmpada queimada e o barulho de uns carros passando lá fora.
Gabito Nunes

agosto 15, 2013

Acho tão bonito casais que duram. Não importa o tempo, o que vale é a intensidade. Querer estar junto vale muito mais do que estar junto há 20 e tantos anos só por comodidade. Sei que estou falando obviedades, mas hoje vi um casal de velhinhos na rua. Acho que o amor, quando é amor, tem lá suas dores bonitas. A gente vê uma cena e o coração fica emocionado. Nos dias de hoje, com tanta tecnologia, com tanta correria, com tanta falta de tempo, com tanto olho no próprio umbigo e nos próprios problemas, com tanta disputa pelo poder, pelo dinheiro, por ter mais e mais, sei lá, acho bonito ver um casal de velhinhos na rua. A mão, enrugadinha, segura a outra mão. A outra mão, por sua vez, segura uma bengala. Falta equilíbrio, sobra experiência. Falta a juventude, sobra história para contar. Falta uma pele lisa, sobram marcas de expressão que contam segredos. Envelhecer não é feio. Em tempos de botox, a gente devia olhar um pouco para dentro. De si. Do outro. Do amor.
Clarissa Corrêa
Se eu gosto dessa vida? Ah, vamos lá. É só um trabalho. Você gosta do seu? Não tem dias que você quer sair correndo e nunca mais voltar? Você está a fim de fazer isso que você faz para o resto de seus dias? Às vezes você não sente que está empurrando tudo com a barriga? Nossas realidades não são muito diferentes nesse ponto. Eu também estou atrás da felicidade, sinto falta dela, mesmo achando que nem sei o que é.
Gabito Nunes

agosto 12, 2013

mystereothoughts

Às vezes eu penso se em algum momento eu já não terei mais o que escrever sobre ela, porque me sinto sendo pega de surpresa toda vez. É um sorriso mais bonito, um gesto mais marcante, uma palavra mais reconfortante, ela é sempre mais. E eu quero que continue assim. Assusta sentir que já ultrapassou todos os limites seguros quando se trata de gostar de alguém, e a cada dia, a cada encontro, percebe que se gosta mais. Assusta, mas é tão bom. Tão bom ter com quem contar, quem dar bom dia e boa noite, quem se importa em saber o que você está fazendo e percebe no tom da sua voz, nas palavras um pouco mal ditas que tem algo de errado. Tão bom se sentir conhecido por alguém, notado, fazer diferença. E é por isso que eu não me conformo em não te-la por perto todo dia, em desperdiçar tempo, não aproveitar a pessoa incrível que ela é, sempre. É diferente. É bom. E eu não sei dizer ao certo quando começou, eu só espero ficar sem saber se tem fim. 

agosto 08, 2013

Juliete Nunca Mais

Na última vez que atendeu minha ligação a conversa não foi muito longe, e acabou com ela perguntando “Você acha mesmo que ainda pode me fazer feliz?” e eu dizendo “É claro que não, mas isso nunca nos impediu de ficar juntos”. No fim, acabou dizendo que lamenta muito, porém não pode mudar quem eu sou. Não deu tempo de dizer, porque ela desligou na minha cara e tudo, só que mal sabe ela que é isso mesmo que qualquer rapaz na minha condição precisa. E para quê serve ter uma namorada, senão para consertar um homem? Fazê-lo parar de sair, de gastar, de fumar, de desferir cantadas horrorosas num bar imundo, já às sete da noite, quando deveria estar fazendo algo produtivo para a sociedade, como plantar árvores, separar lixo ou manter as crianças longe de entorpecentes, ou sei lá eu o que fazem os homens úteis nas quintas-feiras.
Gabito Nunes

agosto 05, 2013

Tem horas que tudo que a vida faz é nos empurrar para bem longe. E o que o a gente faz? A gente vai. A gente vai atrás do que a gente nem sabe direito o que é. A gente sai correndo, esquece de tudo, esquece de todos, até chegar lá… Porque é justamente lá, no meio do nada, embrenhado naquele silêncio que parece que corta a gente ao meio. É só lá que a gente consegue ter na nossa cabeça, finalmente, aquela clareza que a gente tanto procurava sem saber.